Diversos veículos divulgaram listas com recomendações de leitura para 2025 e listas de melhores títulos do ano que passou. A partir delas, e também da publicação de resenhas e colunas, o PublishNews compilou algumas das principais repercussões e recomendações de leituras de veículos nacionais e internacionais, como The New Yorker, New York Times e revista Time, e formulou uma lista com alguns dos títulos que mais apareceram.
O apanhado contém livros de 2024 vencedores de prêmios como o National Book Award e também obras como a de Ana Maria Gonçalves, que foi um dos destaques literários de 2024 após ter sido tema do enredo da Portela no Carnaval do Rio de Janeiro. Confira:
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De onde eles vêm (Companhia das Letras)
Presente em diversas listas de especialistas e de comunidades de leitores, o novo livro do ganhador do Jabuti por Avesso da pele (Companhia das Letras), Jeferson Tenório, explora relações humanas, raciais e familiares a partir da vivência de um estudante. De onde eles vêm tem como pano de fundo o ingresso dos primeiros cotistas na universidade brasileira. Na história, que se passa em Porto Alegre, por volta dos anos 2000, acompanhamos o despertar racial do narrador, Joaquim, em meio a um ambiente hostil.
Órfão, tendo que cuidar da avó doente, desempregado e sem dinheiro, Joaquim busca a todo custo manter seu amor pelos livros e pela literatura. Romance de formação de um leitor, este é o retrato de uma jornada feita de obstáculos num momento em que políticas para amenizar desigualdades eram vistas como problema, não como possibilidade de solução.
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All you need is love (Belas Letras)
Leitores e fãs de Beatles podem ficar animados em 2025 já que serão lançados três novos títulos sobre a banda britânica. Um deles é o livro All you need is love, com previsão de lançamento para junho pela editora Belas Letras. Ele contém entrevistas exclusivas de George Harrison, Yoko Ono, Paul McCartney, Ringo Starr, famílias, amigos e parceiros de negócios, entre os anos de 1980 e 1981.
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Clarice entrevista (Rocco)
Traduzido por Clóvis Marques, o livro foi organizado pela professora Claire Williams, da Universidade de Oxford, especialista na obra da autora brasileira Clarice Lispector. A coletânea apresenta 83 conversas de francas com Clarice, sendo 35 delas inéditas em livro. Aqui, é possível observar Clarice desempenhando seu papel de jornalista, e traz a perspectiva da autora em entrevistas com importantes personalidades do Brasil moderno.
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O colibri (Autêntica contemporânea)
Ambientado em Florença e em outras pequenas cidades italianas, O colibri é a história de quatro gerações da família Carrera. O ponto de vista é o de Marco, filho médico do casal Letizia e Probo, irmão de Irene e Giacomo, pai de Adele e avô de Miraijin. “Não sei o que é melhor neste livro: se a competência de Veronesi ao compor a narrativa em ordem não cronológica e em diversas modalidades (cartas, telefonemas, conversas de WhatsApp, documentos) ou a sua extraordinária compreensão da condição humana. O romance mais brilhante (e inteligente) que li este ano.” – Cora Rónai, colunista do jornal O Globo.
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Faca: reflexões sobre um atentado (Companhia das Letras)
O texto é um relato de Salman Rushdie, autor britânico vencedor do Booker Prize, após sobreviver a uma tentativa de assassinato à facadas em 2022. Lucas Amorim, diretor de redação da revista Exame, afirma que “em Faca, o autor, hoje aos 76 anos, fala sobre o ataque sem meias palavras. Uma resenha publicada nesta terça pelo NYT relembra uma frase do também escritor Roy Blount Jr., de que é preciso às vezes deixar o livro de lado para “limpar o suor”. Rushdie adverte o leitor que não espere o menor sinal de remorso. “Eu sou orgulhoso do trabalho que fiz, e isso inclui certamente Os Versos Satânicos”, escreve, numa tradução livre do texto original em inglês”. O relato de Rushdie também foi destacado na lista de melhores livros de não-ficção da Folha de S. Paulo.
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Um defeito de cor (Record)
A obra de Ana Maria Gonçalves foi um dos destaques literários de 2024 após ter sido tema do enredo da Portela no Carnaval do Rio de Janeiro. O ‘efeito carnaval’ ajudou o livro de mais de 900 páginas a assumir o topo da lista de mais vendidos da Amazon, e também a aparecer na lista de Mais Vendidos do PublishNews. O livro aborda a história de uma africana idosa, Kehinde, que viaja para o Brasil em busca de seu filho perdido, com quem não tem contato há décadas. Um defeito de cor foi publicado em 2006.
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A contagem dos sonhos (Companhia das Letras)
Um dos títulos mais aguardados de 2025 é o novo romance de Chimamanda Ngozi Adichie. A contagem dos sonhos será o primeiro livro da escritora nigeriana em dez anos, após o lançamento de Americanah (Companhia das Letras), em 2014. A obra terá lançamento simultâneo no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e Canadá, com tradução para o português de Julia Romeu.
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James (Todavia)
Atual vencedor do National Book Award, o novo livro de Percival Everett figurou em diversas listas de melhores livros de 2024 nos EUA e é um dos principais destaques da Todavia para o novo ano. A história trata de uma releitura da obra de Mark Twain, que tem como protagonista Jim, originalmente um personagem coadjuvante na obra As aventuras de Hucleberry Finn, de Twain.
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Código-Fonte (Companhia das Letras)
Um dos destaques entre os lançamentos da editora Companhia das Letras no ano será o da autobiografia de Bill Gates. O livro também foi destacado pela lista da editora Penguin Random House como um dos principais títulos para se ler em 2025. Código-fonte tem como objetivo demonstrar um relato “humano” do empresário, destacando infância, primeiras paixões e aspirações de Gates.
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Bambino a Roma (Companhia das Letras)
Em sua bicicleta niquelada com pneus brancos, Chico Buarque faz o zigue-zague por Roma, solta às vezes a mão do guidom e ensaia um equilíbrio fino entre lembrança e imaginação. Nesse passeio delicado, vislumbres da relação com o pai, a mãe e os irmãos somam-se às experiências formativas projetadas por um narrador às voltas com o passado.
Obra também foi colocada como um dos destaques entre os romances de Ficção mais votados na lista de colaboradores da revista Quatro Cinco Um. “É um livro delicado e conciso, a nostalgia contrastando com momentos gaiatos. A prosa do Chico é sutil, profunda e bem-humorada. Um livro para ser lido e relido.”- Martha Batalha, para O Globo.
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Sempre repórter – Textos da Revista The New Yorker (Carambaia)
O livro contém uma seleção das melhores reportagens da lendária repórter Lilian Ross, da New Yorker, precursora do jornalismo literário. Os textos que a autora selecionou para a antologia, confeccionados com seu estilo inimitável, retratam uma série de figuras – públicas, anônimas ou quase celebridades. Figurões como Charles Chaplin, Al Pacino, Fellini e Coco Chanel dividem as páginas com uma jovem enfermeira que disputa o concurso de Miss América, um grupo de alunos do interior dos Estados Unidos que visita Manhattan pela primeira vez, ou Ernest Hemingway, recém-chegado de Havana, que vai comprar pantufas na Quinta Avenida.
Joaquim Ferreira dos Santos, colunista do jornal O Globo: “São 32 reportagens, uma aula de como o texto jornalístico pode ter seu status de arte. Destaque para o dia em que o machão Hemingway foi comprar pantufas na Quinta Avenida.”
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De quatro (Amarcord)
Destacado na lista de melhores do ano da revista Time e na lista de dez melhores do ano do jornal The New York Times, De quatro conta a história de uma mulher que decide cruzar os Estados Unidos em uma viagem de carro. Meia hora depois de se despedir de seu marido e de seu filho, ela se hospeda em um motel à beira da rodovia e começa uma jornada inesperada entre quatro paredes muito mais intensa que qualquer viagem.
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ASMA (Nós)
Vashti Setebestas é uma personagem que anda pela Terra atravessando o tempo, transmutando-se em muitas entidades, muitos corpos e muitos povos. Pelo caminho, é perseguida pela opressão de uma narrativa histórica escrita pelos homens. ASMA é um livro radical para tempos radicais, de Adelaide Ivánova, um dos grandes nomes da poesia brasileira contemporânea. Um projeto caleidoscópico, que vai de Homero a Virginia Woolf, de Chico Science a Ferreira Gullar.
O livro de Adelaide Ivánova é um ‘épico escalafobético’ que “reescreve poeticamente a história pela voz dos oprimidos em tom anarquizante e desaforado”, disse Odorico Leal para a revista Quatro Cinco Um. Título também foi citado como um dos melhores do ano por Luíza Leskowski, editora da Fósforo.
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Projeto Querino (Fósforo)
Baseado no 1619 Project, trabalho da jornalista estadunidense Nikole Hannah-Jones para o The New York Times, Rogero propõe um olhar sobre a história do Brasil a partir da centralidade do povo negro. Com uma pesquisa realizada por uma equipe de especialistas, o projeto Querino abarca, além do livro, um podcast produzido pela Rádio Novelo em 2022 — vencedor do prêmio Vladimir Herzog em 2023 e um dos mais ouvidos do streaming — e uma série de matérias publicadas na revista piauí no mesmo ano. Mais de quarenta profissionais trabalharam no projeto.
O livro foi lançado no segundo semestre de 2024 e foi um dos destaques da Quatro Cinco Um na área de Ciências Sociais e de Não-Ficção.
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Nostalgias canibais (Âyiné)
Os contos de Nostalgias canibais trazem a história de um Macunaíma canibal que atravessa séculos e estados brasileiros, deixando-se levar pelos arroubos de cada época enquanto tenta saciar sua fome. Dois gatos tecem críticas à trajetória da dona e especulam sobre o futuro, dentro de um apartamento do qual provavelmente serão despejados. Um rapaz em crise com a própria feiura lê Umberto Eco e estuda para um concurso em Fortaleza. Uma jornalista entrevista um escritor amargurado para entender os Getulinhos, novo fenômeno político do país. No apartamento de sua namorada editora — que sempre dá um jeito de fugir de São Paulo —, um músico rega begônias e jiboias enquanto tenta se haver com uma vizinha barulhenta.
“São cinco narrativas vorazes e com ritmo, que passam por perspectivas bem diferentes e conseguem sempre surpreender o leitor. O humor ácido de Odorico também aparece, em momentos que fazem rir de nervoso, para em seguida arregalar os olhos e partir para as próximas páginas”, comenta Elisabetta Mazocoli, do Tribuna de Minas. Na Quatro cinco um, a escritora Nara Vidal descreveu a obra como um “banquete de personagens e histórias tão bem construídas quanto divertidas” afirmando que Odorico Leal “serve um país sangrento e ridículo”.
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A chamada (Todavia)
O livro foi destacado na lista de melhores livros de não-ficção da Folha de S. Paulo pela colunista Sylvia Colombo, especialista em América Latina. A obra de Leila Guerriero conta a história real de Silvia Lanayru, que ainda adolescente passou a lutar contra a Ditadura Militar no país, e sobreviveu a violentas torturas no Esma, um centro clandestino de torturas na Argentina.
*Com informações do PublishNews